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Venha conhecer séculos de história do Rio de Janeiro, arte brasileira e fé com o roteiro exclusivo do Tesouros do Brasil.
Por Bruno Teixeira

Centro do Rio: mais de 30 igrejas e templos históricos

Eu amo descobrir os segredos de cada cidade do Brasil e o turismo religioso é um dos meus jeitos preferidos. O Rio de Janeiro especialmente, onde eu moro, é uma cidade onde fé, história e arte sacra se encontram em muitas esquinas, com um patrimônio religioso que atravessa o tempo. Ao percorrer as ruas da região central, você se depara com igrejas históricas que contam a trajetória da cidade, desde o período colonial até os dias atuais. Em cada templo que eu visito, eu me deixo envolver por histórias de devoção e superação, e faço uma viagem no tempo.

Esses espaços sagrados – muitos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – funcionam como verdadeiros museus a céu aberto. Cada pedra, azulejo e escultura revela segredos do passado, refletindo a riqueza cultural que moldou o Brasil. A cada visita, descubro detalhes que narram a evolução dos estilos arquitetônicos e das tradições religiosas do país.

Cada templo possui uma história marcada por eventos históricos e curiosidades que fascinam tanto os fiéis quanto os amantes de arquitetura. Até a Proclamação da República, só era permitido a construção de igrejas católicas. Depois de 1889, aparecem os primeiros templos de outras denominações. Essas casas de devoção contam as diversas fases de um Rio de Janeiro em constante transformação estética.

Por todos esses motivos, independentemente da sua fé, convido você a descobrir as igrejas mais bonitas do Rio de Janeiro, que mais me encantam. Ao final deste post e no mapa a seguir, você encontrará um roteiro exclusivo com cinco igrejas coloniais do Centro do Rio, para ser feito totalmente a pé. Aproveite para explorar o mapa, que reúne mais de 30 templos religiosos imperdíveis para conhecer.

 Vamos lá?

Igrejas e templos na Zona Central e Lapa

Mosteiro de São Bento e Igreja de Nossa Senhora de Montserrate (1590/1642)  

Uma das primeiras grandes construções religiosas do Rio de Janeiro, o Mosteiro de São Bento foi inaugurado em 1590 e continua sendo, até hoje, a morada dos monges beneditinos. A Igreja de Nossa Senhora de Montserrate integra o conjunto arquitetônico do mosteiro, que ainda conta com o Colégio de São Bento, inaugurado em 1858. As obras da igreja tiveram início por volta de 1620, tendo sido a capela-mor e a fachada concluídas na década de 1640. Apesar de uma fachada simétrica e simples, o interior impressiona pela riqueza dos detalhes: ao cruzar suas portas, você será envolto por uma explosão barroca com talhas douradas que revestem cada parede, altar e detalhe. A riqueza de ouro e o primor das esculturas, fruto de séculos de trabalho de artistas como Mestre Valentim e Frei Ricardo do Pilar, fazem deste um dos mais belos templos do Brasil. As missas com canto gregoriano aos domingos (10h) oferecem uma experiência espiritual e artística inesquecíveis.

Endereço: R. Dom Gerardo, 68 – Centro

Visitação: Todos os dias, das 7h às 18h

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária (1609)

No coração do Rio de Janeiro, em uma das principais avenidas, a Presidente Vargas, a Igreja Nossa Senhora da Candelária possui uma curiosidade: ao invés de cenas bíblicas, o teto da nave central contém seis pinturas que ilustram a história da fundação da igreja, quando um casal de espanhóis a bordo do navio Candelária, em meio a uma tempestade, prometeu à N. Sra., erguer uma igreja em sua homenagem se eles sobrevivessem. Já salvos no Rio, eles construíram a capela em 1609. Ao longo de 400 anos de história, passou por diversas reformas e ampliações. Em 1775 iniciou-se a construção de um templo mais grandioso, com a primeira missa realizada em 1811 na presença do príncipe Regente Dom João VI. Inaugurada oficialmente em 1889, a igreja apresenta detalhes decorativos impressionantes e abriga diversos estilos arquitetônicos devido às longas reformas. A fachada, por exemplo, é de estilo barroco, mas o interior revela elementos clássicos e ecléticos. As portas de bronze são do escultor português Antônio Teixeira, tão impressionantes que foram expostas em Paris antes de sua instalação. Já a cúpula foi concluída em 1877, construída com pedras lusitanas trazidas de Lisboa. 

Endereço: Praça Pio X, s/n – Centro 

Visitação: De segunda à sexta das 7h30 às 16h, exceto feriados

Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores (1750)

Sobrevivente da reforma urbana dos anos 1940, que derrubou muitos casarões e igrejas do Rio Antigo, a Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores surgiu como cumprimento de uma promessa feita por um casal de espanhóis que, após atravessar o Atlântico com dificuldades, teriam mandado construir uma capela em agradecimento pela salvação. Localizada na Rua do Ouvidor, é predominantemente estreita e alta, criando um ambiente intimista. A igreja possui uma cúpula elíptica (um oval formado a partir de um círculo “apertado nas laterais”) e uma história curiosa: durante a Revolta da Armada, em 1893, uma bala atingiu a torre sineira, derrubando a imagem de Nossa Senhora que ficava no topo. Como a estátua sofreu danos mínimos, os fiéis consideram um milagre. A bala e a imagem podem ser vistos dentro da igreja. Aos sábados e domingos, ao meio dia, tem missa celebrada com coral e cânticos clássicos em latim.

Endereço: R. do Ouvidor, 35 – Centro

Visitação: Todos os dias das 7h às 18h exceto feriados

Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé (1761)

Em uma das áreas mais históricas do Rio de Janeiro, a Praça XV, a Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé foi palco de eventos marcantes da história do Brasil, como a aclamação do único rei europeu em solo americano, Dom João VI (1818), as coroações dos imperadores Dom Pedro I (1822) e Dom Pedro II (1841), além dos casamentos e batizados da família imperial. A igreja serviu como Catedral do Rio e Capela Real por ter ligação direta com a história da família real: Dom João VI residiu nas proximidades, e sua mãe, Dona Maria, ficou em um convento anexo. Embora grande parte da estrutura interna seja de reforma do século XX, partes em pedra (como as portas originais) permanecem. No andar superior, um pequeno museu (entrada a R$10) conta a história do templo e do recente restauro realizado em 2008 para celebrar o bicentenário da chegada da família portuguesa. E tem algo impressionante na cripta: uma urna lacrada com restos mortais de Pedro Álvares Cabral.

Endereço: R. Sete de Setembro, 14 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 8h às 16h. Sábado das 9h às 13h

Oratório da Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança (1764)

Embora não seja uma igreja propriamente dita, este oratório é uma das poucas edificações remanescentes entre os 73 oratórios públicos que existiam na cidade. O espaço passou recentemente por um processo de restauração e hoje está preservado, representando um importante marco da história religiosa do Rio de Janeiro.

Endereço: R. do Carmo, 38 – Centro

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (1616)

No Largo da Carioca, em meio à agitação do centro da cidade, você vai encontrar um verdadeiro tesouro do Rio de Janeiro. Ao entrar na igreja, o visitante se surpreende com uma iluminação cênica que evidencia detalhes ornamentais dourados magníficos. A obra do entalhador que trabalhou neste templo foi tão impactante que inspirou construções em Ouro Preto. Sendo parte do complexo do Convento de Santo Antônio, a igreja possui uma imagem singular do “Cristo Seráfico”, uma representação de Cristo na cruz com seis asas, acompanhada de uma imagem de São Francisco. A igreja se apresenta apenas em estilo Barroco joanino, resultado de uma construção interna que durou cerca de 20 anos. Atualmente a igreja funciona como Museu de Arte Sacra. Embora eu tente, não tem como descrever a sua grandiosidade aqui nesse post. Tem que ir! O museu oferece visitas mediadas que engrandecem muito a experiência. Veja as datas e horários no Instagram deles. 

Endereço: Rua da Carioca, 5 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 9h às 17h, exceto feriados

Convento e Igreja de Santo Antônio (1608)

Aproveite a visita à Igreja de São Francisco da Penitência e entre também na Igreja de Santo Antônio. Junto com o convento, são marcos históricos e funcionam como um conjunto arquitetônico que remonta ao final do século XVI. Iniciada em 1608, a igreja tem uma fachada barroca colonial e rococó, e é notável por sua conexão com a história militar brasileira, como o episódio de 1710, quando a imagem de Santo Antônio foi usada para proteger a cidade da invasão francesa. Seu interior foi descaracterizado e teve reformas que foram iniciadas e nunca terminadas, mas no altar lateral, coberto de ouro, fica o mausoléu da Família Imperial Brasileira, guardando os restos mortais de alguns príncipes. A igreja não só abriga sepultamentos importantes, como também é o local de ordenação de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. O convento é um dos mais antigos das Américas a ser continuamente ocupado, por isso ele não é aberto à visitação, mas já mostramos ele em um dos nossos vídeos no YouTube sobre o Centro do Rio.

Endereço: Largo da Carioca, s/n – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 9h às 17h, exceto feriados

Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso (1567)

Construída no século XVII ao sopé do Morro do Castelo e localizada no Largo da Misericórdia, anexa à Santa Casa, o templo passou a ser denominado Nossa Senhora do Bom Sucesso no início do século XVIII. Sua fachada, datada de 1780, mantém a estrutura original. No interior, destacam-se os trabalhos de talha rococó da primeira metade do século XIX, três retábulos e um púlpito oriundos da antiga igreja do Colégio dos Jesuítas, que foi destruído em um dos mais tristes episódios de apagamento da memória da cidade. O colégio, a catedral de São Sebastião e todo o casario que contava a história do início da cidade do Rio de Janeiro foram arrasados junto com o Morro do Castelo. Tudo que sobrou foi um pequeno trecho de 40 metros da Ladeira da Misericórdia, que dava acesso ao topo.

Endereço: Largo da Misericórdia

Visitação: De segunda à sexta-feira das 9h às 17h, exceto feriados

Igreja de São José (1608)

Originária de uma ermida construída em 1608, a Igreja de São José serviu como Matriz e Sé do Rio de Janeiro a partir de 1659. Com um estilo barroco tardio, o templo foi reconstruído entre 1807 e 1842, e sua decoração inclui talha rococó atribuída a Simeão de Nazaré. Atrás do altar existe um conjunto de imagens que atrai devotos de São José, é uma cena dos últimos momentos do santo, deitado em uma cama, com Maria de um lado e Jesus do outro. 

Endereço: Av. Pres. Antônio Carlos – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 9h às 17h, exceto feriados

Igreja da Ordem Terceira do Carmo (1648)

Fundada em 1648, a igreja como vemos hoje é de 1755 e as torres foram acrescentadas em meados do séc. XIX. Sua fachada se destaca entre as igrejas coloniais do Rio de Janeiro por ser a única completamente coberta por pedra em estilo barroco pombalino. Os bulbos da torre também são raros por terem a cobertura de azulejos. O interior é rococó e teve vários entalhadores, entre eles, o Mestre Valentim. Um dos altares laterais contém outra raridade, uma estátua de Santa Emerenciana, bisavó de Jesus. Ela traz em um braço sua filha Santana, no outro braço sua neta Maria, que por sua vez, tem Jesus menino em seu braço. Infelizmente a igreja está fechada por risco de desabamento do teto.

Endereço: Rua Primeiro de Março, S/N – Centro

Imperial Irmandade da Santa Cruz dos Militares (1628)

Erguida inicialmente como uma pequena capela no Forte de Santa Cruz, cuja origem remonta a 1605, o templo passou por diversas transformações ao longo dos séculos. Concluída em 1811 e sagrada com a presença de D. João VI. Localizada na rua 1º de Março, esquina com a rua do Ouvidor, no Centro do Rio, a igreja é um magnífico exemplo do estilo barroco com influência neoclássica – a primeira manifestação desse estilo no Brasil – inspirada na Igreja Gesù de Roma. Outra singularidade dessa igreja é que ela não tem torres na frente, pois a torre do sino foi fica na traseira do templo. Os nichos superiores da fachada tinham estátuas esculpidas por Mestre Valentim de São Mateus e São João, que hoje estão no Museu Histórico Nacional. O altar-mor também era dele, mas infelizmente pegou fogo em 1923 e foi reconstruído conforme o original em estuque. Atrás do altar tem uma imagem deitada do Sr. Morto. 

Endereço: Rua Primeiro de Março, 36 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 9h às 16h, exceto feriados

Matriz de Santa Rita (1720)

Inaugurada em 1720, a Matriz de Santa Rita é um dos raros templos coloniais do Rio que resistiram com suas feições originais, tanto a fachada de torre única quanto o seu interior rococó em talha de madeira, o primeiro das Américas nesse estilo. Também é original a imagem de Santa Rita no altar, trazida de Portugal em 1721. Até 1769 havia um cemitério de escravizados em frente à igreja, por isso ela faz parte do circuito de memória africana do Rio. Foi a primeira igreja dedicada a Santa Rita de Cássia fora da Itália e por isso guarda relíquias da padroeira.

Endereço: Largo de Santa Rita, s / nº – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 7h às 19h, exceto feriados

Igreja de São Francisco de Paula (1759)

No Largo de São Francisco fica uma das igrejas mais bonitas do Rio. Seu interior é totalmente coberto por madeira talhada em estilo rococó e neoclássico. Iniciada em 1759 ela só foi concluída em 1865 sendo inaugurada pelo Imperador D. Pedro II. O altar-mor e a capela de N. Sra. das Vitórias são de Mestre Valentim com pinturas de Manoel da Cunha, um ex-escravizado que conquistou sua liberdade com seu trabalho artístico. O lavatório na sacristia, em mármore com mosaico em pedras de diferentes cores, é impressionante. A fachada harmoniosa tem duas torres com bulbos cobertos por azulejos coloridos, sinos e um relógio em uma e um calendário circular na outra.

Endereço: Largo São Francisco de Paula, s/n – Centro

Visitação: De segunda à sábado das 8h às 17h, exceto feriados

Igreja do Santíssimo Sacramento – Antiga Sé (1859)

Localizada na avenida Passos, esquina com a rua Buenos Aires, uma das áreas mais movimentadas do Rio de Janeiro, a igreja exibe uma fachada suntuosa em estilo neoclássico, mas o seu interior é todo coberto por talha de madeira em rococó tardio. As torres terminam em pirâmides pontiagudas de mármore projetadas e tem seis sinos em seus campanários. Erguida a partir da aquisição de um terreno em 1816, o templo foi elevado à categoria de Igreja Matriz após uma grandiosa celebração com D. Pedro II e D. Teresa Cristina em 1859. No batistério, abaixo do coro, fica a pia batismal mais antiga do Rio de Janeiro.

Endereço: Av. Passos, 50 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 8h às 17h, exceto feriados

Igreja de Nossa Senhora da Lampadosa (1740)

Foi nesta Igreja que Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, assistiu à sua última missa, antes de ir para a forca, em 21 de abril de 1792. O templo já não é exatamente o mesmo daquela época por causa de uma grande reforma feita no início do século XX. Mas a estátua da santa é a mesma que teria sido beijada pelo dentista há mais de 200 anos. A igreja, fundada por uma irmandade negra, abriga a imagem de Nossa Senhora da Lampadosa, representada como uma jovem mãe com o Menino Jesus nos braços e um coração na mão direita. 

Endereço: Av. Passos, 15 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 8h às 17h, exceto feriados

Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro (1979)

A Catedral Metropolitana de São Sebastião reflete uma ousada proposta arquitetônica que dialoga com a modernidade sem perder a conexão com as raízes históricas da cidade. O projeto brutalista é suavizado por paineis de vitrais coloridos que enchem seu interior de luz. É um marco da arquitetura contemporânea. Apesar de não ser uma igreja histórica, a Catedral do Rio possui o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra em seu subsolo, com acervo riquíssimo que veio de várias outras igrejas da cidade, muitas demolidas, como a Catedral de São Sebastião original que ficava no Morro do Castelo.

Endereço: Av. República do Chile, 245 – Centro

Visitação: Todos os dias, das 7h às 17h

Igreja de Nossa Senhora do Terço e Senhor dos Passos (1722)

No burburinho do Centro do Rio, em meio ao vibrante comércio do Saara, surge um refúgio de fé e história: a Igreja de Nossa Senhora do Terço e Senhor dos Passos. Nascida como uma ermida em 1737, ganhou seu nome composto em 1842. Por fora, sua fachada de torre única é singela, mas seu interior, com rica talha barroca de fundo branco com detalhes dourados, é um convite à contemplação. A imagem do Senhor dos Passos, situada no topo do altar-mor, é uma peça articulada do século XVIII, com vestes e cabelos naturais, destacando-se por sua expressividade e realismo.

Endereço: Rua Senhor dos Passos, 140 – Centro

Visitação: Todos os dias das, 7h às 17h

Igreja de Santo Elesbão e Santa Efigênia (1754)

Situada na Rua da Alfândega, a Igreja de São Elesbão e Santa Efigênia é uma representação marcante da fé dos homens negros na formação da sociedade carioca. Foi construída em 1754 por devotos negros e forros na busca de um espaço digno para as imagens dos santos mártires da Abissínia e da Núbia. Com um estilo simples e bonito, o templo passou por reformas significativas em 1868 e 1913, com a construção de um cemitério ao lado que permaneceu em funcionamento até 1850, quando a prática de sepultamento foi proibida nas igrejas. A igreja foi importante para diferentes devoções, acolhendo, por exemplo, a de Nossa Senhora dos Remédios, e mais tarde, instalada as festas do Senhor do Bonfim, que perduraram até o começo do século XX. 

Endereço: R. da Alfândega, 219 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 8h às 16h. Sábado das 8h às 14h, exceto feriados

Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge (1758)

Fundada em 1759, sua construção foi um marco da Irmandade de São Gonçalo Garcia, composta majoritariamente por negros libertos, o que a torna um símbolo da organização social e religiosa afro-brasileira da época. Seu interior, de fachada barroca discreta, surpreende pela riqueza dos detalhes em talha rococó. Só em 1850 que São Jorge foi trazido para essa igreja, porque a sua igreja original ameaçava ruir. A devoção à São Jorge sempre foi muito forte no Rio de Janeiro. Ainda hoje, os fiéis se reúnem no dia 23 de abril para celebrar o santo e enchem as ruas em volta da igreja, que fica em frente à Praça da República. Em tempos coloniais, a imagem do santo guerreiro era colocada sobre cavalos e seguida por homens montados vestidos com suas roupas de guerra. 

Endereço: Praça da República, 382 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 7h às 15h30, mas fechada de 13h às 14h. Sábado e domingo das 8h às 11h30.

Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (1737)

Quem vê a fachada imponente dessa igreja, uma das poucas em estilo maneirista na cidade, fica surpreso ao encontrar seu interior quase desprovido de ornamentação. Ela já foi uma das igrejas mais ricamente decoradas do Rio, chegando a ser catedral e até câmara municipal por um período, mas um incêndio em 1967 queimou todo seu interior em madeira talhada. O incêndio também apagou parte da memória negra do Brasil, já que a irmandade guardava documentos importantes no Museu do Negro que fica no segundo andar. Ela era considerada o quartel-general do movimento abolicionista. Lá, para articular ações pelo fim da escravidão no país, reuniam-se José do Patrocínio, Joaquim Nabuco e André Rebouças. Seu interior foi reconstruído por Lúcio Costa, o arquiteto que desenhou Brasília, que optou por deixar o interior vazio e o prédio em evidência, um contraste com as outras igrejas barrocas da cidade. O Museu do Negro foi reconstituído com doações e permanece no mesmo lugar.

Endereço: Rua Uruguaiana, 77 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira das 8h às 17h, exceto feriados.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Boa Morte (1785)

Quando derrubaram centenas de casas para abrir a Av. Rio Branco, a Igreja de N. Sra. da Conceição da Boa Morte foi preservada, mas ela acabou escondida atrás de um dos novos prédios.Hoje ela é um oásis de paz em um dos trechos mais movimentados do centro do Rio. Sua origem é resultado da união de duas irmandades, Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos e Nossa Senhora da Boa Morte. A nave tem formato de cruz latina com uma cúpula sobre o transepto. O altar possui talha de Mestre Valentim com um crucifixo no topo e Nossa Senhora da Conceição na parte baixa. Nas capelas ao lado ficam as imagens do Sr. Morto e Nossa Senhora da Boa Morte.

Endereço: Rua do Rosário, sem número – Centro

Visitação: Fechada para reforma

Igreja de Santa Luzia (1752)

Essa igreja ficava de frente para o mar, na praia de Santa Luzia. Sucessivos aterros acabaram por deixá-la longe da costa e cercada por grandes prédios. Sua fachada e interior foram completamente alteradas em meados do século XIX dando a ela esse estilo do barroco tardio.  A Igreja de Santa Luzia tem um passado imperial interessante. O príncipe Regente D. João havia feito uma promessa de ir com toda a família à Igreja da Virgem em reconhecimento à cura de seu neto, Dom Sebastião, que tinha problemas de visão. Proclamado Rei, fez abrir um novo caminho para a igreja. Por este motivo, uma tribuna na capela-mor era destinada à família real.

Endereço: R. Santa Luzia, 490 – Centro

Visitação: De segunda à sexta-feira, das 9h às 17h

Igreja Santo Antônio dos Pobres (1811)

Em 1811 foi inaugurada uma pequena igreja barroca com o nome de Santo Antônio dos Pobres pode que os ricos frequentavam a Igreja dedicada ao mesmo santo, no Largo da Carioca.  Na década de 1940 a igreja passou por novas obras porque enchentes constantes degradavam os alicerces e as paredes e, em função da umidade, ataques de cupins se proliferavam. Reinaugurada em 1949, a igreja foi construída 1,20m acima do nível da rua e passou a ostentar um estilo neorromânico, com fachada revestida com argamassa de pó de pedra. Em 2011, em função da construção de torres de escritórios em um terreno vizinho, ela precisou passar por nova reforma, quando descobriram os ladrilhos hidráulicos originais, que foram deixados à mostra, abaixo de um piso de vidro, no centro da nave. 

Endereço: Rua dos Inválidos, 42 – Centro

Visitação: De segunda à sábado das 7h às 14h

Igreja de Sant’Ana (1939)

Considerada a segunda padroeira do Rio de Janeiro, depois de São Sebastião, Sant’Ana tinha uma ermida dedicada à ela onde hoje fica a estação Central do Brasil, junto ao Campo de Sant’Ana, atual Praça da República. Com sua demolição, a santa ganhou uma nova igreja do outro lado da praça, em estilo eclético. Em frente ao altar, embaixo de um piso de vidro, fica o túmulo de Dom Sebastião Leme, que foi cardeal do Rio, coberto por uma lápide que tem a estátua do religioso. 

Endereço: Praça Cardeal Leme, 11 – Centro

Visitação: De segunda à sábado, das 8h às 18h

Igreja Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro (1751)

Localizada na Lapa, perto dos famosos Arcos, a história dessa igreja está ligada à chegada da família real Portuguesa ao Brasil. Originalmente construída como seminário dedicado a N. Sra. da Lapa do Desterro, foi adaptada para a função de convento carmelita em 1810, quando a família real ocupou o convento da ordem, na Praça XV. A igreja foi reformada e ganhou talha rococó com influência neoclássica para receber a imagem de Nossa Senhora do Carmo. Ela impressiona pela combinação do fundo azul turquesa com detalhes dourados e o trabalho de Mestre Valentim no altar-mor. A fachada possui somente uma torre, já que a outra nunca foi finalizada, e foi coberta por azulejos no final do século XIX. 

Endereço: Rua da Lapa, 11 – Lapa

Visitação: Todos os dias, das 9h às 19h

Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro (1934)

A Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro foi fundada em 1862 por Ashbel Green Simonton. Tombada como patrimônio histórico, sua arquitetura neogótica é realçada à noite por uma iluminação artística, transformando as paredes externas de pedra em cores vibrantes. O interior possui vitrais de Maria Celina Simon, datados de 1947, enquanto os bancos e o altar são feitos de madeira nobre. Em frente ao templo, destaca-se uma estátua dos pastores Guillaume Chartier e Pierre Richier, esculpida por Joás Pereira Passos em 2007, em celebração aos 450 anos do primeiro culto evangélico no Brasil, realizado por huguenotes franceses quando ocupavam a cidade do Rio.

Endereço: R. Silva Jardim, 23 – Centro

Visitação: Diariamente, das 6h às 19h

Grande Templo Israelita do Rio de Janeiro (1932)

No período entre o final do século XIX e a década de 1940, imigrantes judeus buscaram uma vida melhor ao atravessar o Atlântico, estabelecendo-se na Praça Onze, ocupando cortiços e sobrados. Para atender às necessidades da comunidade, o Grande Templo Israelita, conhecido como “Sinagoga da Rua Tenente Possolo”, foi construído nas proximidades da Praça da Cruz Vermelha. Idealizado por Jacob Schneider e projetado pelos arquitetos italianos Mário Vodret e Guido Levy, o templo foi inaugurado em 1932, apresentando estilo eclético inspirado em sinagogas de Trieste e Florença. Adolpho Bloch, renomado empresário de comunicação, foi um importante apoiador e responsável pela última grande reforma. Tombado pela prefeitura em 1987, o templo realiza cerimônias religiosas e está aberto para visitação pública mediante agendamento.

Endereço: Rua Tenente Possolo, 8 – Centro

Visitação: Aberto para visitação pública mediante agendamento

Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (1928)

A igreja foi fundada em 24 de agosto de 1884, tendo entre seus fundadores William Buck Bagby, considerado um dos maiores pioneiros da denominação no Brasil. Foi a terceira Igreja Batista organizada no país, numa casa na Rua de Santana. Posteriormente, no início do século XX, foi transferida para o novo templo, na Rua Frei Caneca, no Estácio, tendo sido este templo inaugurado sob o pastorado do Pastor Francisco Fulgêncio Soren. O edifício tem em seu frontispício seis colunas que sustentam o telhado da portaria principal.

Endereço: R. Frei Caneca, 525 – Estácio

Visitação: Todos os dias, das 9h às 21h

Igreja Evangélica Fluminense (1858)

A Igreja Evangélica Fluminense é a primeira congregação protestante brasileira a cultuar em Português.Fundada em 11 de julho de 1858 pelo médico-missionário escocês de origem presbiteriana Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley, que chegaram ao Brasil em 1855. Foi organizada com 14 membros, sendo batizado naquele dia o primeiro brasileiro: Pedro Nolasco de Andrade. Dela partiram vários missionários congregacionais no Brasil.

Endereço: Rua Camerino, 102 – Centro

Visitação: Segunda, quarta e domingo, das 7h às 21h

Igrejas e templos em Santa Teresa

Convento e Igreja de Santa Teresa (1755)

Tombados pelo IPHAN em 1938, têm suas origens ligadas a uma ermida que foi construída em 1742, sendo transformada em convento em 1750. Sua arquitetura austera, com uma torre-sineira imponente, reflete o estilo do período colonial, contrastando a massa branca com o cantaria de pedra, enquanto no claustro, os detalhes das arcadas e das janelas destacam a especificidade do convento. No interior, o convento preserva um importante acervo artístico, incluindo alfaias, peças de culto e retratos de importantes figuras da época. É o primeiro convento feminino de Carmelitas Descalças do Brasil, ocupado até hoje pelas religiosas. A igreja não fica aberta ao público, mas pode ser visitada nos fins de semana por quem quiser assistir a missa.

Endereço: Ladeira de Santa Teresa – Santa Teresa

Visitação: Somente para assistir a missa às 7h no sábado e às 8h aos domingos

Igreja Ortodoxa Santa Zenaída (1935)

A Igreja de Santa Mártir Zenaide, em Santa Teresa, foi construída por imigrantes em busca de refúgio no início do século XX. Única dedicada a Santa Mártir Zenaide no mundo, teve sua pedra fundamental lançada em 1935, concluindo-se rapidamente com a colaboração ativa de famílias russas locais. Em 1937, foi consagrada pelo Arcebispo Feodosy. Em 2003, iniciou-se a primeira grande reforma, com revestimento de mármore e restauração de ícones, financiada pelo Patriarcado de Moscou.

Endereço: R. Monte Alegre, 210 – Santa Teresa

Visitação: Aberta somente para missas aos domingos, 9h ou 10h. Ver no Instagram da igreja

Igrejas e templos na Glória 

Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (1739)

Erguida no alto do Outeiro da Glória, oferecendo uma das vistas mais deslumbrantes da Baía de Guanabara, a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro é um dos mais belos exemplos do barroco colonial brasileiro. Sua construção, iniciada em 1714, culminou em um templo de fachada elegante com torre única e planta octogonal incomum, que a distingue de outras igrejas do período. Além de sua beleza arquitetônica, a igreja tem uma profunda conexão com a história imperial do Brasil, tendo sido o local de batizados de membros da Família Real, incluindo os futuros Dom Pedro II, a Princesa Isabel e a Rainha Maria II de Portugal. Ao visitar, não deixe de apreciar os azulejos portugueses do século XVIII que revestem o interior da sacristia. Eles são verdadeiras obras de arte, narrando cenas bíblicas e elementos florais em tons de azul e branco, e são considerados um dos conjuntos mais importantes do país. 

Endereço: Praça Nossa Sra. da Glória, 26 – Glória

Visitação: De segunda à sexta-feira das 9h às 16h. Sábado e domingo das 9h às 12h

Igreja Positivista do Brasil – Templo da Humanidade (1881)

Esse edifício singelo se destaca pela sua filosofia única: o Templo da Humanidade, sede da Igreja Positivista do Brasil. Inaugurado em 1897, este notável exemplar neoclássico não é um templo religioso convencional, mas um espaço de culto à própria Humanidade, fundado na filosofia de Auguste Comte. Seu interior é sóbrio, com um altar que simboliza a figura feminina da Humanidade. A influência dessa corrente filosófica transcendeu as paredes do templo, marcando a história brasileira. A filosofia positivista, que prega “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”, é a inspiração direta para o lema “Ordem e Progresso” presente na Bandeira do Brasil. Positivistas como Raimundo Teixeira Mendes e Benjamin Constant foram figuras-chave na transição para a República e na concepção de símbolos nacionais que carregavam os ideais de racionalidade, estabilidade e avanço.

Endereço: Rua Benjamin Constant, 74 – Glória

Visitação: Visitas somente por agendamento

Igrejas e templos na Zona Portuária

Igreja de São Francisco da Prainha (1696)

Uma das igrejas mais antigas do Rio de Janeiro e cheia de histórias curiosas. Uma delas é que, por ocasião do ataque francês à cidade do Rio de Janeiro em 1710, a capela foi incendiada por medidas táticas, atendendo às ordens do Governo. Foi reconstituída e reaberta em 1738. Mais do que um templo, a Igreja de São Francisco da Prainha é um símbolo da memória da região portuária. Foi um importante ponto de apoio e fé para a população local, incluindo os africanos escravizados que desembarcavam ali perto. A sua modesta arquitetura esconde séculos de histórias e a devoção a São Francisco da Prainha, considerado o protetor dos viajantes e dos que viviam do mar.

Endereço: Rua Sacadura Cabral, 75 – Saúde

Visitação: De segunda à sexta-feira das 9h às 17h, exceto feriados

Igreja de Nossa Senhora da Saúde (1742)

No topo de um morro no bairro que leva o nome da santa, essa simpática igreja foi erguida como capela em 1742, naquela época, de frente ao mar. Ficou praticamente isolada até meados do séc. XIX quando toda a região foi aterrada para a criação do novo porto da cidade. Seu interior é singelo, mas conta com belos azulejos portugueses que contam a história de São José fugindo do Egito. Infelizmente, vários paineis de azulejo foram roubados, devido aos muitos anos de abandono. 

Endereço: Rua Silvino Montenegro, 52 – Gamboa

Visitação: Aberta somente aos sábados, no horário de missa

Roteiro exclusivo de cinco igrejas a pé no Centro do Rio – Tesouros do Brasil

Esse é o trajeto das igrejas que mostramos no vídeo. Se você tem pouco tempo para passear pelo centro, recomendo visitar essas cinco que são imperdíveis. Se for passar um dia inteiro no centro, pode acrescentar as igrejas de São Francisco de Paula, São José e Santa Cruz dos Militares que estão próximas dessa rota. Faça esse roteiro entre segunda e sexta-feira, pois a maioria das igrejas não abrem aos fins de semana. Contudo, outras oferecem programações especiais aos sábados e domingos. Então confira com cuidado a programação de cada uma.

Mosteiro de São Bento – Rua Dom Gerardo

Na programação, missas com canto gregoriano de segunda a sábado às 7h15; aos domingos, às 10h com maior solenidade.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária – Praça Pio X

As missas acontecem de segunda a sexta-feira, às 12h15; domingo, às 10h30. O horário de visitação é de segunda a sexta de 7h30 às 16h. 

Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores – Rua do Ouvidor 

Há missa todos os dias ao meio-dia. A missa especial em latim, com música clássica e coral ao vivo, é celebrada aos sábados e domingos também ao meio-dia (atenção à alta demanda de visitantes). A visitação turística da nave e das laterais acontece todos os dias das 9h às 18h; sacristia e Átrio de Nossa Senhora da Fé (onde está a bomba que atingiu a igreja), todos os dias da semana das 9h às 14h, sábado das 9h às 17h, e domingo das 9h às 16h. 

Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé – Rua Sete de Setembro

As missas são de segunda a sexta-feira, às 8h; domingo, às 11h. 

Igreja de São Francisco da Penitência – Largo da Carioca

Hoje a igreja faz parte do Museu Sacro Franciscano e não recebe missas, mas oferece visitas guiadas por um historiador. 

 

Muito obrigado por ter ficado até aqui! Foi um prazer compartilhar mais essas histórias e curiosidades que fazem do Rio de Janeiro cidade um verdadeiro museu a céu aberto.

Fiquei encantado em poder mostrar um pouco do legado religioso e cultural que encontrei e espero que você também tenha se surpreendido com a riqueza e a beleza de cada templo. 

Se você for visitar essas igrejas pelo Centro do Rio, lembre-se de aproveitar o passeio e conhecer também alguns dos restaurantes mais clássicos da região. A gente preparou uma lista aqui no blog com cafés, confeitarias e restaurantes históricos por lá pra almoçar, descansar ou tomar um bom cafezinho entre uma parada e outra. 

Mas eu gostaria muito de saber a sua opinião! Conta pra mim nos comentários as igrejas que você acha bonitas ou que tenham histórias interessantes para contar. Sua participação é super importante para que João Víctor e eu possamos continuar explorando, aprendendo e compartilhando o que há de mais legal sobre o Brasil.

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Até a próxima descoberta! 

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